Insane chronicles

O porto de abrigo de pensamentos aleatórios e desprovidos de sentido que não têm mais nenhum local para onde ir.

Au revoir, cama  

Segunda-feira passada aconteceu-me algo no mínimo insólito. Sentei-me simplesmente na beira da minha cama para me descalçar quando esta se parte estrondosamente. 
 
Eu adorava aquela cama. Já a tinha desde os meus seis anos e os seus 17 anos de existência já começavam a dar sinais de que iria precisar de reforma brevemente: já não chiava da mesma maneira quando as pessoas se mexiam em cima dela, as junções metálicas estavam a ficar dobradas lenta mas seguramente e ocasionalmente caia uma tábua do estrado. Mas o seu momento de destruição foi em tudo semelhante ao de qualquer peça de mobiliário/tecnologia geralmente sofre em minha casa: súbito, ruidoso, até teatral, geralmente precedido de um período de agravamento do seu estado geral e despoletado por uma utilização "insignificante" (ainda me lembro como a penúltima fritadeira se estragou, aquecendo tanto que o plástico do invólucro começou a derreter-se lentamente).
 
A parte triste é que até então nunca me tinha apercebido da importância que aquela cama tinha para mim. A presença dela foi constante numa grande parte da minha infância e a adolescência. Em vez de ser a família que faz parte de mobília, aquela cama já fazia parte da família. Contudo, não deixa de ser irónico que numa casa repleta de móveis antigos se tenha estragado o móvel mais recente. Ainda mais triste é chegar ao ponto em que o meu próprio imobiliário me dá indirectas para eu emagrecer...
 
Oh well, agora vai-se seguir uma saga interessante que é o processo de escolher uma cama nova. Para mim, o dilema de escolher uma cama nova apresenta-se mais ou menos como procurar um par de óculos que condiga com a nossa cara. Primeiro: estamos tão habituados aos óculos/cama antigos (ou ausência deles, no caso dos óculos) que qualquer outra parece que vai ficar horrível, mais ou menos como tentar escolher uma nova cara/quarto. Segundo: quanto mais escolha há, maior o tempo desperdiçado a procurar, quando na realidade todas as camas/óculos são parecidas entre si. Terceiro: apesar de as camas serem relativamente baratas, ainda existem camas de 499€ (45% de desconto inclusive). Quarto: mais lojas vejo, mais chego à conclusão que as camas que poderiam ficar bem no meu quarto são aquelas que custam 499€ (45% de desconto inclusive), mesmo que todas se pareçam entre si.
 
Agora apenas me resta esperar que tal martírio não dure demasiado tempo, tenho exames para estudar (embora não pareça)...
 
--
 
PS: E para os leitores que não me conhecem: não, não costumo ser sentimental com peças de mobiliário ou tecnologia. Muito pelo contrário, existe um gozo inigualável em destruir essa peça em pedaços muito, muito pequeninos. Na realidade funciona como um grande descarregador de stress e acho que toda a gente deveria ter um dia da semana dedicado a partir coisas - seria um mundo com menos stress e raiva acumulada. Ainda me lembro daquele armário gigante que ajudei a destruir quando fui ajudar a Arlete a mudar-se para a nova casa dela, those were the days…


[get this widget]

AddThis Social Bookmark Button

0 sarcasmos

Enviar um comentário